BNDES e Caixa Econômica Federal deixaram de checar se empresas que pedem
empréstimo público foram condenadas administrativamente por trabalho
análogo à escravidão após decisão do presidente do Supremo Tribunal
Federal impedir a publicação da chamada "lista suja".
O veto ao acesso dessas empresas ao financiamento público era uma das
principais medidas para coibir o crime trabalhista no Brasil.
A suspensão da checagem ocorreu após uma liminar (decisão provisória) de 23 de dezembro do ministro do STF Ricardo Lewandowski.
Ele acatou pedido de incorporadoras imobiliárias –parte das quais já
autuada pela irregularidade– e tornou sem eficácia legal a chamada
"Lista Suja" do trabalho escravo, consolidada e publicada pelo
Ministério do Trabalho.
A lista, instituída em 2003, é um cadastro de empregadores flagrados por
fiscais submetendo pessoas ao chamado "trabalho escravo moderno", no
qual se inclui o trabalho forçado, degradante e de jornada exaustiva.
Para entrar na lista, é preciso que os recursos das empresas tenham
transitado em julgado (recebido resposta definitiva do ministério). Para
sair, é necessário pagar as multas decorrentes e passar dois anos sem
reincidir.
Mais duas ações sobre a lista foram protocoladas no STF –uma foi extinta em 2012 e a outra ainda será analisada.
Desta vez, Lewandowski, decidindo sozinho no recesso do Judiciário,
concordou com o argumento de que a portaria que criou a lista precisaria
ter uma lei que a respaldasse. Concordou ainda que a inclusão no
cadastro é feita de maneira "unilateral", sem a posição dos suspeitos.
Pedro Ladeira - 9.out.2014/Folhapress | ||
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Com a decisão, válida até os outros ministros do STF votarem a ação, os
bancos mudaram seus procedimentos, firmados com a assinatura do Pacto
Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo.
Antes, as instituições checavam se a empresa que pedia dinheiro estava
na lista e, se estivesse, não liberavam os recursos. Agora a verificação
deixou de ocorrer.
Em aviso interno do dia 15 de janeiro, o BNDES informou que a liminar de
Lewandowski tornou "condição inexequível" a consulta ao cadastro.
Questionada, a Caixa não detalhou sua decisão.
Já o Ministério do Trabalho afirmou que, apesar de a lista em si estar
suspensa, nada impede que os bancos o consultem sobre empresas
condenadas administrativamente por trabalho escravo, pois as informações
são públicas.
Procurado, o Banco do Brasil não respondeu, até a conclusão dessa edição, se deixou de fazer a checagem.
BNDES DIZ QUE BUSCA MEDIDAS ALÉM DA LISTA
O BNDES disse que abdicou da "lista suja" para evitar a "paralisação das
concessões de crédito na modalidade indireta automática" e que busca
alternativas para não enfraquecer o combate ao trabalho análogo ao
escravo.
"É fato que os efeitos da liminar podem fragilizar a fiscalização e
punição de empresas envolvidas em trabalho escravo", diz o banco,
citando outros instrumentos de punição, como o vencimento antecipado de
contrato.
A Caixa Econômica Federal confirmou que abandonou o cadastro, mas não respondeu se busca alternativa.
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